terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Ausência de mim

Tem uma pergunta que habita e ecoa em mim:
- Qual a origem dos meus medos, tão absolutamente sufocantes?
Do passado em forma de infância que foi de mim roubada por uma memória astuciosa, mas que marcou a minha alma?
Da real falta de competência?
Da certeza de que não mereço o que tenho?
Da intuição sobre o real sombrio que está por vir?
Da ausência de mim?

Quanto mais esta pergunta ecoa, mais se faz certeza a necessidade que eu tenho de respondê-la, para saber de fato quem eu sou.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Ensolarou

Janeiro ensolarou para o nosso amor.
Ensolarou pra gente passar e juntos iniciar uma nova caminhada.
Ensolarou e iluminou o que estava por vir.
Muito estava por vir, e, ainda virá.
Ensolarou e habitou em você, que vem todo dia, um pouquinho, transbordar em mim.


Nosso amor, Janeiro, ensolarou.

O vô

O vô.
O vô "só tinha até a quarta série", mas era mais inteligente do que muita gente que "tem doutorado".
O vô era teimoso demais, tão teimoso que a gente ria.
O vô fazia a melhor caipirinha do mundo.
O vô nos contava história quando a gente era pequena. Eu gostava da "festa no céu".
O vô gostava de circo. E fazia a brincadeira de circo, cantando uma musiquinha linda que ele inventou.
O vô fazia mágica com um dedo de plástico. Isso me fazia tão feliz.
O vô lia meus artigos, pedia pra imprimir da internet e vinha discutir o que achava.
O vô escrevia cartão no aniversário e terminava: "são os votos do seu avô". Eu amava isso.
O vô olhava pra mim e dizia: "- Cadê o Ray?". E eu dizia: "- Tá vindo, vô!", rindo de canto.
O vô gostava de branco. E ficava lindo de branco.
O vô tinha um apelido doce dado pela vovó, Katito. Katito que significa pedacinho do céu.
O vô era o melhor vô.
Ah vô... tanta coisa.
Você será pra sempre nosso pedacinho do céu.

Te amo.

Descansa em paz.