quinta-feira, 31 de maio de 2018

Ele é (também) poesia

Fonte de luz, inspira alegria
Como uma manhã de sol, é pura energia
Paz de tempos que não viveu, alma inquieta
Leveza e dureza em contradição
Alma tricolor, futebol na alma, no grito
Leciona, mas carrega a doçura e a inocência infantil
Na voz, notas afinadas que já sonharam ser um cantor
Em seu riso de olhos cerrados, a busca por dias melhores
Na sua gargalhada, imensidão
No seu coração, uma porta entreaberta
Quem foi, dificilmente irá voltar
Quem está, não quer jamais, sair.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Em um relacionamento sério com o Pomodoro

Como disse a Fê, taurininha “- Vocês nasceram um pro outro”. Foi assim que começou nosso relacionamento. Eu estava decidida que nada seria mais como antes. Que eu não ia mais me permitir continuar com aquele comportamento. Eu precisava reaver minha dignidade. Eu era uma pessoa com acúmulo na casa 6 que não tinha método. E eu precisa de alguém que me salvasse. Então ele chegou, de mansinho. Primeiro veio quase que como uma tentação. Eu entrei na sala de um colega e lá estava ele, coradinho, discreto, mas com uma grandiosa presença. Perguntei sobre ele e esse colega falou alguns minutos de como ele tinha mudado a vida dele. Sai da sala intrigada. Fiquei pensando em como minha vida estava bagunçada. Eu não conseguia mais terminar nada que eu começava. Por desânimo, ou, na maior parte das vezes, por pura procrastinação. Essa palavra feia e tão temida. Foi quando eu percebi pela primeira vez que eu precisava dele. Chegou a sexta-feira e eu tinha perdido um prazo. Um prazo que, embora acordado entre uma colega de trabalho e eu e que, portanto, não geraria consequências mais sérias, me fez novamente pensar que eu precisava reaver minha dignidade. Era meu orgulho de ter acúmulo na casa 6 que estava em jogo. Foi então que eu recorri a Fê, a mesma taurina já mencionada no início do texto, que já conhecia o cara. E ela, como sempre, precisou de muito pouco para me convencer: três frases motivacionais e um link de um vídeo preciosamente escolhido no youtube. E lá estava eu, completamente apaixonada. Apaixonada por ele, pelo tal do Pomodoro. Um tomatinho fascinante. E nem estou falando do Tomás (que merece muitas páginas só pra ele) e é tão ou mais apaixonante. Como pode um tomate mudar a vida da gente? Além da Tai, a melhor roommate ever, ninguém sabe responder. A verdade é que eu não estou falando de um tomate qualquer. Estou falando de um tomate com método. Um método genial. Ele era tudo que eu precisava. E agora eu ando sendo zuada por causa dele. Porque eu passei a pensar em pomodorisPomodoro é a técnica. Você trabalha em intervalos de 25 minutos, parando 5 minutos a cada período de 25 minutos trabalhado. Esse intervalo de trabalho consiste em 1 pomodori, quando 4 ciclos de trabalho são completos, ou seja, 4 pomodoris são percorridos, temos então um Pomodoro, e de quebra ganhamos um descanso de 15 a 30 minutos. O fato é que o cara que descobriu esses intervalos é realmente um gênio. Eu posso dizer que, inexplicavelmente, eu nunca havia sido tão produtiva na vida. Tem horas que me dá até vontade de pular um intervalo – o que é terminantemente contra as regras do Pomodoro. Mas como eu gosto de um método muito bem aplicadinho, eu resisto firme e faço os intervalos direitinho. E eles são uma recompensa. E é aí que está o tchan da coisa. Você trabalha e sabe que vai ser recompensado. Isso não acontece quase nunca em situação alguma. Portanto, além de parceiro de trabalho, o Pomodoro te oferece colo, ele te dá o que mais ninguém te dá. O Pomodoro mudou minha vida. Eu cheguei a pensar em comprar de fato, o timer em formato de tomatinho, pra calcular meu tempo ao vivo e a cores e ouvir o tic tac ecoando além, claro,  da chance de ficar pertinho dele todo o tempo. Mas tive vergonha. Porque como eu disse, eu ando sendo zuada. Minhas amigas do trabalho jogam piadinha dizendo que tudo pra mim agora é em 25 minutos. De fato, eu tenho que concordar com elas. Eu fiz uma tabela de quantos pomodoris eu vou precisar para ler um determinado livro. E pior, essa tabela foi feita com base em estatísticas que eu mesmo calculo, que envolvem coisas como contar quantas páginas eu leio por pomodori, várias vezes, até chegar a uma média. E assim, com base na minha média e em quantas páginas tem o livro, eu saberei quanto tempo de trabalho eu preciso. Foi com base nisso que eu cheguei a me questionar se estou doente. Mas acho que é só paixão mesmo. E tomara que seja. Quando a gente está apaixonado é assim mesmo, tudo é maravilhosamente lindo. Não há defeitos. E eu posso jurar que eu só vejo flores nesse tomatinho mágico. Eu até voltei a acreditar na minha tese. O Pomodoro me trouxe pra vida novamente. Eu queria dizer no Facenuggets que eu estou em um relacionamento sério com ele. Tirava o Ray, entrava o Pomodoro. E deixa o povo falar. Imagina, nós dois, numa ilha deserta, fazendo estatísticas sobre quantas páginas eu escrevo por tema em pomodoris. Quantos gráficos eu faço por pomodoris. Quantas páginas em inglês eu leio em pomodoris. Eu fiquei toda arrepiada só de pensar. A vida em pomodoris. Se Pomodoro fosse uma religião eu estaria, nesse momento, indo na casa das pessoas pra dizer: - Bom dia, você tem um minuto pra ouvir sobre o Pomodoro? Aposto que encontraríamos a salvação. Eu quero conhecer as pessoas que assim como eu, acreditam que um tomate pode salvar nossas vidas, e seremos, então, melhores amigos. Enquanto isso não acontece, já decidi que sairei de tomate no carnaval, em homenagem a esse momento. E que momento.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Eu nem sabia o que era cropped (ou um trânsito de Vênus com Urano)

Definitivamente essa combinação de Vênus com Urano não está dando certo pra mim. Pior que, quando a gente é adepta da Astrologia, não dá pra fugir de um trânsito. E nem é de trânsitos de carros que eu estou falando, é de trânsito planetários.  E eu já estou envolvida até o pescoço, então já viu. Eu reconheço que a produção textual daqui parece que sempre vem acompanhada das palavras cabalísticas: astrologia, signos, casas, trânsitos. Tudo bem, mas dessa vez o caso é sério. É sério porque quando a gente está passando por trânsitos que envolvem Vênus e Urano, isso pode resultar em um forte sentimento de necessidade de mudar a aparência. Veja bem, gente. O sentimento de mudar a sua aparência é legal, mas quando tem Urano no meio, é um Deus-nos-acuda. E o que está acontecendo, como já era de se imaginar, é que tem um forte sentimento de radicalização para com meu guarda-roupa. E isso começou tímido, mas agora está ficando sério. Começou com a juba. Mais da metade dela já se foi tesoura abaixo. Até aí tudo bem, acho que até ornou comigo. Com essa nova Bia metida num trânsito de Vênus com Urano. Mas sobre as roupas, está meio complicado. No início era só uma coisa tipo sexy sem ser vulgar, mostrando um pouco de pele. Já que eu sempre fui muito tímida com meu corpo. Eu até gosto dele, nem sempre, mas quando eu quero ressaltar algo é sempre embaixo de muito pano, com uma faixa ou qualquer coisa amarrada na cintura. Só que isso mudou. Pior do que eu confessar que tive um piercing no umbigo na adolescência, o qual em minha defesa nunca mostrava, afinal barriguinha de fora só na praia mesmo (isso, falando a Bia antes do trânsito entre Vênus e Urano), reside no fato de que, eu estou a ponto de passar a bancar a vadia da família nos feriados e festinhas. Isto porque eu (há controvérsias, mas não posso ficar colocando a culpa apenas nos planetas) inventei de comprar o tal do cropped e um tal de body. Traduzindo para quem, assim como eu (antes), só usa um cintinho: o primeiro refere-se ao o que nos anos 1990 costumava se chamar de top, ou seja, uma blusinha cujo cumprimento não ultrapassa a região da cintura. O segundo é um maiô de não usar na praia. Só que nesse caso o meu tem costas nuas mesmo. Aí, virou uma blusa colada no corpo sem nada nas costas. Aí, fica difícil elaborar qualquer defesa. Porque quem olha, imediatamente, pensa: “- Ah lá a leonina!”. Tudo que eu mais temia na vida, eu me transformei. Sempre lutei contra os meus instintos leoninísticos. Mas acontece que minha Vênus está em Leão. Ai quando veio o Urano, pou. Ferrou tudo. Eu já assisti a uns cinco vídeos da Luludy, tentando ver como faz pra passar por isso. Consultei os livros. Mas ainda não deu certo. Enquanto isso, eu vou ultrapassando os limites aceitáveis de leoninisse perante a família e aos amigos. E domingo tem batizado de uma priminha. Que perigo, que perigo. O jeito é rezar pelo bom senso da minha Vênus dessa vez, já que eu, claramente, não estou dando conta.

terça-feira, 27 de março de 2018

Eu não queria ser uma farsa

Calaram mais uma mulher. Dessa vez não foi por uma interrupção corriqueira de um macho alfa na tentativa de traduzir o pensamento feminino (mesmo que a gente não tenha pedido tradução), ou ainda, apenas de impor sua opinião. Calaram uma mulher símbolo da luta, símbolo da resistência. Calaram porque o que ela tinha para dizer incomodava demais. Calaram porque ela, negra, favelada e lésbica, queria que nossos meninos e meninas tivessem alternativas. Alternativas justas, que não encontrassem como caminho "de bem" mais natural a submissão. Afinal, o negro favelado no Brasil, ou se conforma em ser faxineiro(a), ou se conforma em ser gari. Fora isso, é tudo hipocrisia e papinho: "- Ele poderia ter se esforçado". Esforçado como? Deveríamos nos perguntar. Se você empregador não está interessado em dar a vaga pra ele, sobretudo no lugar do branco com roupa de marca. Esforçado quanto? Se com muita sorte ele não é morto por uma bala perdida na favela onde mora. Essa mulher, que hoje não está mais entre nós, lutou por isso mas, oportunamente, a calaram. Quem calou? Por que calaram? Porque ninguém quer que o negro favelado seja alguém. Porque a sociedade se alimenta dos serviçais, desde os “Capinhas” diariamente empurrando a cadeira para que os Ministros do STF possam se sentar, até aqueles, os “inhos” e as “inhas”, carinhosamente apelidados, mas que no fundo, estão nas nossas casas lavando as nossas louças, limpando os nossos jardins. E o resto, mermão, é tudo hipocrisia. Quando calam essa mulher, de forma tão brutal e destemida, calam a todos que acreditam nas causas que ela tanto defendia. E esse tiro me acertou também. Por isso eu escrevo. "- Mas como esse tiro acertou a você? Você que é branca, privilegiada, formada?" – aposto que pensou. Sim. A mim também. Porque eu queria profundamente que todos tivessem as mesmas oportunidades as quais tenho acesso, não porque eu sou uma mera altruísta. Mas porque nós brancos somos, no fundo, todos uma mesma fraude. A fraude do sucesso com base na soberania do privilégio. Esses tiros, que acertaram essa mulher, me atingiram porque eu não queria ser uma farsa. Eu queria ter disputado o vestibular com alunos que não dividissem suas preocupações entre a prova, a fome e um amanhã de meu Deus. Mas não foi bem assim. No meu caso, eu podia apenas pensar em Biologia. E por isso eu passei. O sistema me passou. Eu sim, deveria ter me esforçado. Eu sim, sou uma privilegiada. No fundo, quando partilho da causa dessa mulher, tenho motivos egoístas, afinal, eu só não queria ser uma fraude.

quarta-feira, 7 de março de 2018

A falta que me faz

Situações são, sem dúvida, as coisas que mais me motivam a escrever. Hoje foi um dia desses, em que uma situação me levou à reflexão, e aqui estou. Uma ligação telefônica com um certo alguém. Já mencionei sobre esse alguém em textos anteriores, ansiosa pelo dia que dedicarei meu precioso tempo a falar dele, aquele que não deve ser nomeado. Por hoje, ele será parcialmente, objeto do texto. Em razão dessa ligação, eu passei horas a fio pensando sobre o que eu iria falar com ele. Na minha cabeça, eu não tinha nada pra dizer a ele. Nada relevante. Nada substancial. Pior, eu não estava interessada em falar com ele. Era um caso típico de “me faltam palavras”. Pior ainda, era um caso típico de, o que eu tenho pra te dizer é melhor não ser dito. É nessa hora que na minha mente vem uma cena: um dia de licença para absurdos (para entender direito, é preciso ler a crônica da minha escritora viva favorita, Fê), um dia em que somos livres para dizermos tudo o que pensamos, sem punições, ressentimentos, apenas somos francos. É parecido com o que acontece naquele filme “O mentiroso”, em que o personagem principal fica impedido de contar mentiras por um dia, e passa a falar para todos à sua volta a primeira coisa que vem à mente. Na minha fantasia, essa possibilidade um dia será real. Especialmente, pra eu ligar para esse certo alguém. Mas ao pensar nessa vontade que me bate, eu me peguei questionando: quando faltam palavras, falta necessariamente conexão? Quase que como por um impulso, tomada pela situação da ligação, eu imediatamente respondi, mentalmente, que sim. Sim, quando faltam palavras falta uma conexão. Aquela coisa de não temos assunto. Mas, precisei de alguns instantes para entender que, na verdade, depende. A relação entre a falta de palavras e a conexão é relativa. Ai pensei no Ray, meu marido. Quantas vezes me faltaram as palavras ao lado dele? Igualmente me questionei. E foi rápido perceber que: muitas. Faltavam as palavras, e como faltaram. Mas no caso do Ray, me parece bem diferente. Dessa vez, não é porque eu não tinha nada a dizer pra ele, mas é que nos momentos que faltavam as palavras, tudo que precisava ser dito já havia sido falado, de outra forma. E para não tornar esse texto em nenhuma espécie de conto erótico, eu me restinjo a dizer que: gestos e ações dizem muito, dizem mais. Dizem por um momento inteiro, que às vezes é até eterno. Que clichê, é possível pensar. Mas não foi clichê quando por meio dessa anologia eu pude entender que, faltar palavras era pra ser bom. Até nisso, aquele que não deve ser nomeado, fracassou. E foi vazio, quando poderia ser imensidão.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Sobre não ser boa com títulos e menção ao Gusmão

Eu não sou boa com títulos. Eu já sabia disso, mas o Gusmão me fez ter certeza. Foi num dia normal de atividade no laboratório, eu dei um título tosco a um trabalho que acabava de concluir. O Gusmão leu, virou pra mim e disse: - “Bianca, você não é boa com títulos, eu não sei o que será do nome dos seus filhos.” – e riu. Lendo assim, parece rude. Mas não foi. O Gusmão tem esse dom. Ele tem uma incrível habilidade de te falar a coisa mais dura em tom confortante. Tipo médico dando notícia triste. Eu sabia que não era boa em títulos, mas depois dele me contar, eu me conformei. Quando fui dar o título na monografia de uma pós-graduação, liguei pra ele: - “Gusmão, me ajuda! Não consigo dar um título pro meu trabalho.” Ele riu no telefone e achou uma solução genial, que envolvia a palavra inventário. Eu nunca ia pensar naquela palavra. Esse tal de Gusmão foi meu orientador. Na iniciação na pesquisa científica, na monografia, na Dissertação. Foi meu mestre. Sempre será. Aquariano típico, fez aniversário ontem, e, vai ver por isso estou escrevendo sobre não ser boa com títulos para, afinal, poder falar dele. E eu não escrevi para desejar feliz aniversário a ele. Porque eu me sinto boba fazendo isso. Gusmão nunca foi de grandes afetos. E quando se deixava enganar e ser afetado, eu ficava absolutamente radiante. Foram poucas vezes que ele deixou escapar que sentia minha falta no laboratório, ou, que estava se sentindo abandonado por eu ter ido fazer o doutorado em Brasília. Ou, um e-mail incrível dizendo que não poderia ir ao meu casamento, no qual ao final ele assinava como “do professor-amigo, Gusmão”, porque eu tinha escrito no convite: “ao professor-amigo”. É por isso que eu gosto dos aquarianos, mas desse em especial. Porque quando demonstram o que sentem são genuínos. Hoje me bateu uma saudade doída do meu professor amigo. Ele que me ensinou tanta coisa linda. Ele que me trazia paz só de estar presente. Ele que me fez perceber meu amor pelo meio ambiente. Parece até que a vida na academia era mais fácil quando eu tinha o Gusmão ao meu lado. Talvez não fosse, mas ele sempre fez parecer que sim. Amanhã vou escrever um e-mail para ele, porque a vida está me dizendo pra escrever. Torço pelo dia em que poderei, quem sabe, poder dividir novamente minha rotina com ele, desfrutando da generosidade desse mestre que a vida ousou me presentear na forma de eterno orientador.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Ser barbeira é uma questão de ser

Sou barbeira. Já dizia o vô: “- Eita, Bianca, tu é barbeira” – fazendo força pra arrastar um dos vasos de cimento da calçada da casa dele, tentando dar uma forcinha pra eu tirar o carro. O vô estava certo. Sempre fui barbeira, desde a primeira prova prática da autoescola, que durou cerca de 90 segundos. O tempo suficiente para que eu virasse todo o volante e queimasse a linha da vaga fazendo a baliza – que por sinal nunca aprendi a fazer. Eu achando que estava abafando e a instrutora do Detran saindo do carro e dizendo: “- Poxa linda, você queimou a faixa”, e, eu incrédula (porque não tenho nenhuma noção de espaço mesmo, e olha que sou Geógrafa): “- Mentira!”, Ai ela, com a maior paciência do mundo: “-  Olha aqui linda!”, apontando pra faixa, queimadassa. Nossa senhora, como dirijo mal. Tentei a prova de novo – porque sou teimosa, e, não sei como, mas passei. Na verdade eu sei, eu implorei: “- moço, não me tira o ponto das curvas que entrei com pé na embreagem pelo amor de Deus”. Eram 3 curvas no trajeto. Eu entrei com o carro roncando nas 3. E já tinha perdido os 3 pontos da seta final, quando a gente estaciona o carro. Se perdesse mais 1 ponto estava eliminada. Implorei tanto que ele, com pena, me passou. Foi trapaça minha. E hoje eu vejo que eu tinha que ter parado de insistir naquela prova. Sou muito ruim de roda. Eu sou dessas que sobe canteiro de estacionamento de shopping pra fazer a curva. E só se dá conta do que fez quando o carro ta quicando para descer do canteiro. É cômico. Eu já fiz o Ray “matar o retrovisor do carona no peito” quando um caminhão dividiu a curva comigo. Tenho problema com curva. Com curva, com placa, com carro, com freio, com baliza. Não sei fazer baliza. E passo vergonha mesmo. Da última vez fui procurar um remédio numa farmácia porque meu paizinho estava doente, e parei o carro na lá puta que pariu, porque as vagas perto da farmácia eram todas de fazer baliza. Era até melhor ter ido a pé, de tanto que eu andei. Mas hoje eu escrevo sobre o meu probleminha (está mais pra problemão) com direção, porque ontem eu realmente pensei em parar de dirigir. Para variar, fiz uma besteira. Eu ignorei uma placa de “meia pista interditada”. Mas eu ignorei com vontade. Na verdade sem vontade, porque não percebi. Mas foi digno de pena. O Ray tentou me avisar, mas nem assim. Quando eu vi tava dando um freiadão, na cara do buraco. Tive ódio de mim e do Ray, que deu um grito: - Bia olha o buraco!”. Ele não precisava ter gritado. Mas eu não precisava estar dirigindo. No entanto, como sou encardida, para citar uma das minhas expressões preferidas aprendidas em 2017, desci do carro cheia de razão e disse para ele: “- Dirige você!”. Era um favor que eu estava fazendo a nós dois. Eu sempre tirei sarro disso. Dessa minha condição de deficiência automobilística. Mas eu estou começando a ficar preocupada, de verdade. Tenho receio que uma dessas barbeiragens tome uma proporção maior do que deveria. E sinto que talvez eu desista. No fundo, eu só queria entender o porquê de eu dirigir tão mal. Eu até queria ser pilota, dessas mulheres que sentam no carro cheias de atitude. Mas tô mais pra cobradora. Ajudo a catar as moedinhas para pagar os pedágios como ninguém. E no fundo, se meu dinheiro desse, eu ia de Uber mesmo. Mas como ele não dá, eu preciso fazer essa reflexão e quem sabe finalmente desistir da direção.

A tal da casa 5

Estava assistindo uma aula do curso de astrologia online que estou cursando e acabo de descobrir que minha casa 5 está sob o signo de Câncer. Estou arrasada. Inclusive, o fato de eu estar arrasada com essa notícia tem mesmo a ver com a casa 5 em Câncer. Explico. A Cláudia (a professora do curso) estava ensinando no video que a casa 5 está relacionada a nossa autoestima, ao nosso ego, e nossa capacidade de compreender o nosso próprio valor. Também disse que essa casa nos ajuda a compreender como iremos criar nossos filhos e como amamos. O signo de Câncer é conhecido por ai, como o chorão do zodíaco. Então, só de pensar que a “casa da autoestima” está associada a todo esse drama canceriano, eu não poderia deixar de fazer um drama.  Eu tive vontade de dar um “truque” e mudar a hora do meu nascimento. Quem sabe assim, minha casa 5 cairia num signo melhor. Na verdade, na verdade mesmo, eu queria que minha casa 5 fosse em Leão. A do Ray está! Eu estou com inveja dele nesse momento, e, ele por ter casa 5 em Leão já me zuou bastante e riu. Olhou e riu e disse: - Amor, estava na cara que sua casa 5 era em Câncer. E olha que ele nem gosta de astrologia. A casa 5 mexeu comigo. Mais do que a casa 8, que trata das crises pessoais. Falando nisso, a minha casa 8 está em Libra. É um bom lugar pra ter Libra. Eu acho. Porque indica que nossas crises pessoais são superadas por meio da troca com os outros. E, venhamos e convenhamos, ter ajuda e trocar, na hora do desespero, não é nada mal. Melhor ainda poder contar com as pessoas que estão a nossa volta e surgem na nossa vida para poder aprender e sermos melhor. E, venhamos e convenhamos, disso eu não posso reclamar. Sou presenteada pela vida por ser rodeada de pessoas que me ensinam diariamente como ser melhor. É... pensando por esse lado, nem foi tão ruim assim ter casa 5 em Câncer, porque ela oportunizou ter a casa 8 em Libra. Foi uma troca justa.

Minha Escrita Diária

Sim, já é 2018. Na verdade, meados de janeiro.


Hoje eu tive uma conversa dessas, que faz a gente perceber a razão na busca pela visão holística de mundo dos piscianos (pra citar meu momento astrológico, o qual torço profundamente para não ser passageiro). Sim, tudo está conectado. Por que estou falando disso? Uma amiga aqui do trabalho, dessas pessoas muito interessantes e diferentes, diferente de um jeito bom, de singular – não que cada um de nós não seja singular -, não é isso, mas tem gente que é mais único que outro, né? Elas deixam uma marca. Então, essa amiga, que eu chamo carinhosamente de Bel, em uma de nossas conversas sobre tese-trabalho-ser mulher nesse mundo de meu deus-crushs e astrologia, me confidenciou que lê coisas muito bacanas sobre o ato da escrita, e, que essas leituras foram fundamentais no processo de escrita da tese dela, que ela finalizou há uma semana atrás. Dividiu generosamente comigo algumas fontes, dentre elas a tal da Karina Kuschnir. E é por causa da Bel, da Karina e do céu do momento que eu cheguei aqui, nessa tal de “escrita diária”. Explico (essa forma de dizer “explico”, eu roubei da , vamos falar muito sobre ela ainda). Desde setembro eu rompi com a minha tese, e, sim.., eu estou cursando doutorado. Rompi com a minha tese por dois motivos que garanto que são muito respeitáveis: primeiro, porque não tenho tato para o “tati be tati” da academia, e, segundo, porque basicamente me encaixo numa linha reflexiva diferente daquela do meu orientador (certamente, esse será papo para outra escrita diária) – pra dizer de uma forma polida e não falar que ele é um homenzinho pequeno (menor que eu, pra ser bem precisa), arrogante e que “sabe de nada, inocente”. Pois bem. Rompi com a tese e casei com a astrologia, mesmo. Comecei curso e tudo, curso de um ano, de ser tornar astróloga e tudo mais. Além de começar o curso, iniciei uma empreitada na new age do empreendedorismo na internet: tenho instagram comercial, lojinha e cartão de visita – tudo isso juntando duas coisas que amo: astrologia (de novo ela) e papelaria artesanal. Mas isso também será papo para outra escrita diária. Por ora, vou concluir o assunto do porquê estou escrevendo agora. Eu tenho que explicar isso porque eu tenho Mercúrio em Leão, na casa 6, de Virgem, traduzindo, sou metódica e perfeccionista. Inclusive, por isso mesmo que eu comecei a usar esses marcadores de parágrafos aqui, está sendo estranho, mas sinto que é um caminho sem volta. Então, por eu ter rompido com a tese, me afastei, obviamente, dos afazeres relacionados a ela. Contudo, continuo matriculada no curso da UnB (sim eu sou do Rio e estudo em Brasília, depois falamos sobre isso também). E por estar matriculada, tenho deveres para com esse curso. E por conta do meu Mercúrio, e outros aspectos do meu mapa astral, eu tenho tendência a ser crítica demais comigo, me cobrar e ser extremamente catastrofista com a vida –só abrindo um parêntese aqui, a culpa não é da astrologia, é minha mesma. O fato é que 2017 acabou, - e já vai tarde..., 2018 chegou, e, óbvio que eu comecei com quiquito, (como diria Thaís): "- Meu Deus, estou muito atrasada pra tese..." "- Meu Deus, não tenho artigos suficientes", "- Meu Deus, tenho que fazer entrevistas", "- Meu Deus... (qualquer coisa que seja pra me tirar a paz)". Só que como tudo está conectado, mesmo, ontem assisti a um vídeo da Luludy, uma astróloga, atriz, gente fina, que faz vídeos muito bacanas no youtube, e ela falava justamente sobre o céu do momento estar colaborando para sermos ainda mais críticos conosco. Liguei os pontinhos e falei, preciso ir com calma. Quase que como uma mensagem do Universo (é, eu acredito nessa possibilidade). Foi assim que a forma de ver o problema começou a mudar. Sim, preciso retomar os meus afazeres da tese, pois estou matriculada, e, de alguma forma, lá no fundo, eu sinto que preciso fazer isso. E tomar consciência de que preciso fazer dessa jornada algo mais leve, tem sido fundamental para seguir. E ai entrou a Bel, quando eu falava exatamente desse meu medo de “estar atrasada”, quando ela me disse:  “- Vai se organizando desde agora, tem várias dicas bacanas, uma delas é escrever um pouquinho todo dia, vou te emprestar um livro..,“. Ela também me falou do blog da Karina. E aqui estou eu, na minha escrita diária. Deveriam ser 300 palavras por dia, mas eu passei: 755 até agora. Tudo bem, eu tenho licença nesse caso, pois é a primeira de muitas, e, eu tinha mesmo muito a dizer.