quinta-feira, 17 de outubro de 2019

As minhas águas

Artista: Maria Tiurina

Essas águas.
Condutoras de tudo que escorre.
São a vida. São as vias.
Transformam a correnteza em papel moeda.
São o sagrado.
Águas que curam. Águas que acalmam. Águas que trazem tormentas.
Abarcam deuses e deusas. Netuno à Oxum.
Não têm cor, não têm forma, mas são imensas.
Nos inundam.
Viram disputas e não matam mais a sede.
Viram acalento e refrescam o calor.
São mutáveis.
Correm e escorrem, dentro e fora de nós.
Nos brindam, diariamente, com sua existência.
Estão sendo devastadas.
Quando falta, seca.
Quando sobra, transborda.
São a epifania da criação.
"Somos todos, devedores dessas águas".


2 comentários:

  1. O trechinho entre aspas no final é de um poema lindo do Manoel de Barros. Eu escrevi essa poesia porque eu queria deixar marcado a força e imensidão desse meu objeto de tese.

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