Eu não sou boa com títulos. Eu
já sabia disso, mas o Gusmão me fez
ter certeza. Foi num dia normal de atividade no laboratório, eu dei um título tosco a um trabalho que acabava de concluir.
O Gusmão leu, virou pra mim e disse:
- “Bianca, você não é boa com títulos, eu não sei o que será do nome dos seus
filhos.” – e riu. Lendo assim, parece rude. Mas não foi. O Gusmão tem esse dom. Ele tem uma incrível habilidade de te falar a
coisa mais dura em tom confortante. Tipo médico dando notícia triste. Eu sabia
que não era boa em títulos, mas depois dele me contar, eu me conformei. Quando fui dar o título na monografia de
uma pós-graduação, liguei pra ele: - “Gusmão,
me ajuda! Não consigo dar um título pro meu trabalho.” Ele riu no telefone e
achou uma solução genial, que envolvia a palavra inventário. Eu nunca ia pensar
naquela palavra. Esse tal de Gusmão foi meu orientador. Na iniciação na
pesquisa científica, na monografia, na Dissertação. Foi meu mestre. Sempre será. Aquariano típico,
fez aniversário ontem, e, vai ver por isso estou escrevendo sobre não ser boa
com títulos para, afinal, poder falar dele. E eu não escrevi para desejar feliz
aniversário a ele. Porque eu me sinto boba fazendo isso. Gusmão nunca foi de grandes afetos. E quando se deixava enganar e ser afetado, eu ficava
absolutamente radiante. Foram poucas vezes que ele deixou escapar que sentia
minha falta no laboratório, ou, que estava se sentindo abandonado por eu ter
ido fazer o doutorado em Brasília. Ou, um e-mail incrível dizendo que não poderia
ir ao meu casamento, no qual ao final ele assinava como “do professor-amigo,
Gusmão”, porque eu tinha escrito no convite: “ao professor-amigo”. É por isso
que eu gosto dos aquarianos, mas desse em especial. Porque quando demonstram o
que sentem são genuínos. Hoje me bateu uma saudade doída do meu professor amigo. Ele que me ensinou
tanta coisa linda. Ele que me trazia paz só de estar presente. Ele que me fez
perceber meu amor pelo meio ambiente. Parece até que a vida na academia era
mais fácil quando eu tinha o Gusmão
ao meu lado. Talvez não fosse, mas ele sempre fez parecer que sim. Amanhã vou
escrever um e-mail para ele, porque a vida está me dizendo pra escrever. Torço pelo
dia em que poderei, quem sabe, poder dividir novamente minha rotina com ele, desfrutando da
generosidade desse mestre que a vida ousou me presentear na forma de eterno
orientador.
Marvilhoso esse texto, Biazinha!!
ResponderExcluirFiquei com vontade de conhecer seu mestre. Um bom professor emociona demais!. Carrego no meu coração todos os meus grandes mestres.
Beijão!
PS.: o blog que vai sair como assinatura (Maria Flor) é um antigo e parado há anos. Mas fiquei com precisa de desfazer o login pra comentar heheh
Em tempo, esse título ficou muito bom!! hehehe
ResponderExcluirAss: Fer